Defesa vai alegar que Bruno foi vítima de "armação" de primo


ANDRÉ CARAMANTE
DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE



A defesa do goleiro Bruno Fernandes, 25, afastado do Flamengo após ser preso acusado pela polícia de participação no sequestro e possível assassinato de Eliza Samudio, 25, sua ex-amante, tentará demonstrar à Justiça que o jogador é vítima de uma vingança por parte de Sérgio Rosa Sales, 22, conhecido como Camelo e seu primo, também preso pelo desaparecimento de Eliza.

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Advogados de Bruno têm se reunido com parentes do atleta e de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, acusado de ter sequestrado Eliza e o filho dela supostamente com Bruno para levá-los do Rio até Minas, para descobrir o que motivou Sales a dizer à polícia que o goleiro teve participação direta no crime e teria visto a ex-amante ser morta.

Os advogados de Bruno acreditam que Sales quis se vingar do goleiro porque foi substituído da condição de braço direito na administração da vida do atleta.

CIÚMES

O que a defesa tentará comprovar à Justiça é que Sales desviou dinheiro de Bruno e, como forma de punição, foi trocado por Macarrão, considerado por parentes e amigos do atlet como dono de um grande sentimento de ciúmes e consideração por parte do jogador.

Sales é acusado pela polícia de ajudar a vigiar Eliza no sítio do jogador durante o tempo em que foi mantida refém e também de colaborar a levá-la para que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos a matasse em sua casa, em Vespasiano (MG).

Anteontem, Sales ajudou policiais a fazer uma varredura atrás de fios de cabelo, sangue e outros vestígios da passagem de Eliza no sítio de Bruno. Ele indicou cômodos onde ela foi mantida presa. Foram seis horas de buscas.

TRUNFO

O depoimento de Sales à polícia é um dos trunfos da acusação contra Bruno. Segundo Sales, o goleiro estava na casa do ex-policial Santos quando Eliza foi morta por Santos, visto o crime e só teria interferido para que o ex-policial não matasse o bebê.

Sales estava no Range Rover de Bruno apreendido com documento irregular em Contagem (MG), onde a polícia afirma ter encontrado manchas de sangue de Eliza.

Foi nesse carro que Eliza e seu filho seguiram para Minas. As manchas de sangue foram causadas por coronhadas, segundo outro primo de Bruno, de 17 anos, que está apreendido por ordem da Justiça e deu os primeiros detalhes sobre o desaparecimento de Eliza.

O rapaz confirmou anteontem à Justiça que viu uma das mãos de Eliza ser jogada pelo ex-policial Santos aos seus cães. O jovem defende Bruno e diz que ele não estava na casa de Santos quando Eliza foi morta. Ele afirma que o goleiro apenas a viu em seu sítio e ficou "estarrecido" com o fato de ela estar lá.

TELEFONEMA

Para os advogados de Bruno, a informação dada pela polícia de que Eliza, já mantida refém no sítio do jogador, fora obrigada pelos amigos de Bruno a ligar em 9 de junho para uma amiga será favorável na defesa do atleta. Nesse telefonema, Eliza disse que Bruno prometera ajudá-la a cuidar do filho.

Os defensores acreditam que a confirmação do contato telefônico poderá estabelecer uma "linha do tempo" sobre a passagem de Eliza pelo sítio de Bruno e, com isso, desmontar as versões do seu desaparecimento dadas pelos dois primos do goleiro.

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