EUA confirmam troca de 14 espiões com a Rússia


DE SÃO PAULO

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos confirmou nesta sexta-feira a bem-sucedida troca dos dez espiões russos detidos em solo americano por quatro espiões russos presos na Rússia.



Em um comunicado, o porta-voz do Departamento, Dean Boyd, disse que os EUA transferiram de maneira bem-sucedida os agentes russos em Viena, na Áustria.

A troca foi feita de maneira sigilosa e longe dos olhares da imprensa. A decolagem e a chegada dos aviões em seus destinos, contudo, foi acompanhada passo a passo por jornais de todo o mundo.

Segundo as últimas informações da imprensa britânica, o Boeing 767-200 dos Estados Unidos aterrissou na manhã desta sexta-feira em uma base aérea em Oxfordshire, no sul da Inglaterra, com os quatro espiões russos.

As redes de TV britânicas BBC e Sky News afirmam que o avião pousou na base aérea Brize Norton, da Força Real Britânica. Não se sabe, até o momento, se o avião seguirá de volta aos Estados Unidos ou para um terceiro destino.

Já a agência de notícias russa Ria Novosti disse que o avião russo Yakovlev Yak-42 aterrissou com os outros dez espiões presos pelo FBI (Polícia Federal americana) em um aeroporto de Moscou, também na manhã desta sexta-feira. A informação foi confirmada por cinegrafista da agência de notícias Reuters.

O FBI prendeu os dez russos por manter identidades falsas nos EUA para se aproximar de fontes políticas e obter informações críticas sob ordem do governo russo. O 11º suspeito está foragido, após pagar fiança e ser libertado no Chipre.

A Rússia negou vigorosamente saber da rede de espionagem, um grupo que seria denominado 'ilegais' por Moscou. Depois, admitiu que alguns dos suspeitos eram efetivamente russos e os dois países passaram a declarar que o caso não afetaria as recém-retomadas relações diplomáticas. Por precaução, os dois países enterraram o assunto com a troca --feita com poucas declarações oficiais.

Apenas algumas horas antes, o avião aterrissou em Viena, na Áustria, com os dez espiões russos presos nos Estados Unidos. Poucos minutos depois, estavam atrás do recém-aterrissado Yakovlev Yak-42, avião do Ministério de Emergências russo, que levaria a bordo os quatro russos presos por suposto contato com agências de inteligência ocidentais.

As escadas de saída das aeronaves foram viradas em direção do prédio principal do aeroporto, impedindo a visualização da troca em solo austríaco. Toda a movimentação foi feita de maneira sigilosa e não houve confirmação do destino dos dois aviões.

GANHOS E PERDAS

Antes da viagem, os EUA e a Rússia ganharam confissões dos réus --admissão de culpa dos dez russos em corte de NY e confissões assinadas dos quatro russos na Rússia.

Em troca dos dez espiões russos, os EUa ganharam a liberdade e acesso a dois ex-coronéis da inteligência russa, condenados em seu país por comprometer dezenas de agentes russos e soviéticos que atuavam no Ocidente. Os dois outros também foram condenados por trair Moscou.

O presidente russo, Dmitri Medvedev, assinou um decreto libertando Sutyagin, Alexander Zaporojski, Guennadi Vassilenko e Sergueï Skripan, detalhou sua porta-voz Natalia Timakova.

Todos os dez presos nos EUA foram acusados de conspirar para agir como agentes secretos, e nove foram acusados também de conspiração para cometer lavagem de dinheiro.
Após terem se declarado culpados nesta quinta-feira, o tribunal condenou cada um dos suspeitos a um tempo de pena já cumprido --cerca de dez dias desde a prisão do grupo. Outras acusações, de lavagem de dinheiro, foram arquivadas.

Um dos advogados de defesa disse que os acordos para confissão foram aprovados por autoridades do governo russo.

Autoridades russas prometeram a uma das suspeitas, a jornalista peruana Vicky Peláez, que ao chegar na Rússia ela pode decidir aonde quer ir, com um pagamento mensal vitalício de US$ 2.000, mais vistos para seus filhos, informou à corte o advogado de Peláez.

As 11 pessoas suspeitas de espionar para a Rússia foram formalmente acusadas em uma acusação federal divulgada nesta quarta-feira, mais de uma semana após o FBI (polícia federal americana) anunciar a prisão delas.

COM ASSOCIATED PRESS, EM WASHINGTON (EUA)

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